Predicados de prosperidade
Vá
Pode falar
Pode escrever
Eu vou me entregar
No meu lugar
Quem não faria
Diz que é loucura
Diz que é besteira
Mas eu não vou ligar
Não tente entender
E o tempo dirá
A sina é sonhar
Eu pago pra ver
(M. Monte & R. Amarante)
Somos
transformação contínua. Um dia a mais nos faz um ser distinto. Não há falar em
perda de personalidade, o que vem à tona é a lapidação do próprio ser. Viver a dois requer mutação, para agradar-nos,
modificamo-nos. O ponto de partida vem do próprio íntimo, não há sentido
mudar-nos para satisfazer o outro em detrimento do próprio bem-estar. Sejamos
felizes na contemporaneidade por meio, e durante, o processo de desenvolvimento
da busca da felicidade. Gostar-se é condição indispensável para fazer o outro
feliz, moldar-se, a seu turno, sinal de maturidade. Ainda que diante da temeridade dos
conflitos, o diálogo sempre será o caminho para se alcançar a paz. Quem
desiste, nunca quis, porque a busca pelo amor pressupõe perseverança. Quando detectamos
uma série de predicados sinalizadores de uma relação próspera, prudente será a
postura de não desistir de imediato diante de determinados destemperos. Precisamos pensar
o sentimento, não abortar a empreitada sem que a razão tenha o seu direito de
manifestação. Em todas as relações há diferenças, contudo, quiçá a grande graça
seja a diversidade, desde que haja distinção no conteúdo, como sensibilidade
aguçada, eixo central para o desencadeamento de um ser humano amável. Um casal
de verdade se constrói com tempo, paciência, sentimento, confiança, respeito e
desejo de viver dentro e fora do outro. A conquista contínua demanda atos
inusitados. A enxurrada de sentimento advém dos gestos emanados do coração. Seja
lá qual for o modo ser gentil, o que importa é que a intenção de fazer o
outro feliz seja posta em prática: atitude. Revestir-se de afetividade. Transformar-se
no construtor da própria felicidade. Fazer com que o sentimento seja
efervescente do começo ao término de cada dia. E nos momentos que nos pegamos
com o sorriso no rosto pelo simples fato de pensar no outro, a novidade é que o
próximo passo será o tão temido e desejado frio na barriga. Fenômeno este
chamado paixão, ainda que alguns sejam poucos destemidos para admiti-la. Não há chateação
quando não há preocupação, só damos atenção a quem consideramos de coração. Todavia,
para tanto, indispensável que a relação seja permeada de seriedade. Tudo deve
girar em torno da pessoa que nos faz feliz. A felicidade, finalidade suprema da
condição humana, dispensa o orgulho. Erros existem, mas o perdão deve
preponderar, visto que desencontros são atos inerentes ao casal. Sem superação dos
descompassos conjugais inexiste prosperidade. Se houver sentimento bilateral,
se houver intenção conjugal de felicidade plena, teremos então vida
longa.
(guilherme peruchi – vinte e seis de
abril de dois mil e treze)