sexta-feira, 26 de abril de 2013

Predicados de prosperidade

 Pode falar
 Pode escrever
 Eu vou me entregar
No meu lugar
Quem não faria
Diz que é loucura
Diz que é besteira
Mas eu não vou ligar
Não tente entender
E o tempo dirá
A sina é sonhar
Eu pago pra ver

(M. Monte & R. Amarante)

Somos transformação contínua. Um dia a mais nos faz um ser distinto. Não há falar em perda de personalidade, o que vem à tona é a lapidação do próprio ser. Viver a dois requer mutação, para agradar-nos, modificamo-nos. O ponto de partida vem do próprio íntimo, não há sentido mudar-nos para satisfazer o outro em detrimento do próprio bem-estar. Sejamos felizes na contemporaneidade por meio, e durante, o processo de desenvolvimento da busca da felicidade. Gostar-se é condição indispensável para fazer o outro feliz, moldar-se, a seu turno, sinal de maturidade. Ainda que diante da temeridade dos conflitos, o diálogo sempre será o caminho para se alcançar a paz. Quem desiste, nunca quis, porque a busca pelo amor pressupõe perseverança. Quando detectamos uma série de predicados sinalizadores de uma relação próspera, prudente será a postura de não desistir de imediato diante de determinados destemperos. Precisamos pensar o sentimento, não abortar a empreitada sem que a razão tenha o seu direito de manifestação. Em todas as relações há diferenças, contudo, quiçá a grande graça seja a diversidade, desde que haja distinção no conteúdo, como sensibilidade aguçada, eixo central para o desencadeamento de um ser humano amável. Um casal de verdade se constrói com tempo, paciência, sentimento, confiança, respeito e desejo de viver dentro e fora do outro. A conquista contínua demanda atos inusitados. A enxurrada de sentimento advém dos gestos emanados do coração. Seja lá qual for o modo ser gentil, o que importa é que a intenção de fazer o outro feliz seja posta em prática: atitude. Revestir-se de afetividade. Transformar-se no construtor da própria felicidade. Fazer com que o sentimento seja efervescente do começo ao término de cada dia. E nos momentos que nos pegamos com o sorriso no rosto pelo simples fato de pensar no outro, a novidade é que o próximo passo será o tão temido e desejado frio na barriga. Fenômeno este chamado paixão, ainda que alguns sejam poucos destemidos para admiti-la. Não há chateação quando não há preocupação, só damos atenção a quem consideramos de coração. Todavia, para tanto, indispensável que a relação seja permeada de seriedade. Tudo deve girar em torno da pessoa que nos faz feliz. A felicidade, finalidade suprema da condição humana, dispensa o orgulho. Erros existem, mas o perdão deve preponderar, visto que desencontros são atos inerentes ao casal. Sem superação dos descompassos conjugais inexiste prosperidade. Se houver sentimento bilateral, se houver intenção conjugal de felicidade plena, teremos então vida longa.

(guilherme peruchi – vinte e seis de abril de dois mil e treze)

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Pela luz dos olhos teus

Branca, clareou os meus dias de escuridão. Alta, perco-me nas entranhas da tua pele. Esguia, desequilibro-me com tanta avidez. Versada, saio de órbita na barra da saia. Comedida, fulgência de mistério que arde. Excitante, quando me abraça me embaraço. Quente, há ebulição na confluência salivar. Atraente, quero os desejos mais primitivos. Resistente, inexistem impeditivos conjugais. Sincera, sinto-me mais seguro no teu corpo. Determinada, beijo teu íntimo sem piedade.  Apaixonante, quando me olha me desfiguro. Feminina, entro em colapso naquelas horas. Amor, meu coração está de portas abertas.

|Bastos de Peruchi