Abstrações e outros devaneios (III)
Basta fechar os olhos para eu respirar em paz, porque no cerne da escuridão, mais do que rapidamente, minha memória (afetiva) me remete aos seus braços. O cheiro da maresia, de imediato, torna-se a minha fragrância corporal. Minhas mãos ficam mais leves, meu sorriso, por sua vez, se intimida – pela timidez. E o ritmo cardíaco em paridade com a mansidão espiritual. Isto é, um amor de corpo e alma. Um amor com beijo e abraço ofegantes. Pura finesse designa este amor puro, santo, profano, ingênuo, esperançoso, amoroso e sangrento – porque fere o peito de quem ama. Palavra tem força, sentimento tem vida, atitude tem conseqüência e amor tem esperança. A saudade que machuca, a paixão que entra em coma, os atos que não causam efeito e a vida conjugal que não se tem. A mente sadia, por vias de conseqüência, fere o coração ao relembrá-lo do fato inacabado. Porém este, a seu turno, avisa àquele que a sanidade (vital) orgânica entrará em declínio. E com os mesmos olhos enfermos de uma doce ilusão, volto ao estado de normalidade apedrejado por um breve momento fantasioso. Assim, caminho em silêncio...
(guilherme peruchi – treze de março de dois mil e onze)