terça-feira, 27 de abril de 2010

Uma memorável viagem...


Por intermédio de um franco convite realizado por uma próxima e estimada prima, desloquei-me de Vitória – aprazível ilha Espírito-Santense – à eterna cidade histórica de Ouro Preto. Terra universitária, fértil em minerais e relíquias em forma de catedrais de oração. Ambiente do qual a hospitalidade faz-se presente. Acrescento ainda, oportunamente, seu aspecto primordial: a doçura da receptividade feminina. Entretanto, essa característica será mais bem esclarecida adiante, sendo, inclusive, o motivo pelo qual encontro-me discorrendo acerca da memorável viagem às Minas Gerais.

Anuncio de plano o fático sentido do relato que ora debruço-me! No começo do século XXI, em virtude de seu mérito e empenho, a citada prima logrou êxito nos exames de vestibular da faculdade de direito da UFOP, sucesso do qual ensejou, mais do que naturalmente, sua mudança acadêmica à antiga vila dos metais preciosos, vizinha de Mariana. Que, frise-se, é o local precursor de todo este Estado abençoado de bebidas fermentadas com cana de açúcar e, sobretudo, meninas delicadas que furtam involuntariamente a paz de espírito dos forasteiros desavisados.

Recordo-me claramente da minha primeira viagem à vila de Ouro Preto. Ainda na primeira mocidade, algo em torno dos meus 14, 15 anos à época. Pois bem, até lamento tardiamente não ter aproveitado o passeio escolar, uma vez que nessa faixa etária, geralmente, não temos maturidade suficiente para efetivas percepções históricas. Mas por outro lado, destaco, com o perdão da modéstia, que já nesse tempo, amadurecido encontrava-me em questões de ordem afetiva. Porém, pela própria limitação cronológica, francamente desconhecia que a bela cidade nostálgica constitui-se lugar investido de magias e mistérios do amor.

Estabelecidas as devidas premissas histórico-pessoais, mergulho-me nos tremores interiores que motivaram-me a navegar no fantástico e temerário oceano do registro escrito dos males de apaixonar-se demais. Confesso sem receio de qualquer natureza que, se é para sofrermos nesta vida, que seja de muito amor. Recorte temático delimitado, entro no mérito da questão que tanto inquieta-me, trazendo-me soluços irremediáveis de paixão que teimam sufocar-me de saudades e devaneios por um reencontro que, certamente, tornar-me-á brasas nos braços de um coração que, reciprocamente, incendeia a alma de amor.

Às vésperas do feriado de 21 abril de 2010, mais precisamente no dia 17, as repúblicas federais interligadas a UFOP juntaram-se, numa perspectiva democrática incrível, para celebrar uma tradicional festividade que realiza-se bem próximo ao dia de Tiradentes. Bom, honestamente desconheço a origem verídica de tal confraternização, todavia digo com conhecimento de causa que é mais do que agradável o evento. Arrisco um intrigante, talvez. Só sei que, de agora em diante, existem duas comemorações das quais não ausento-me mais: o carnaval na cidade do Rio de Janeiro e as reuniões comemorativas dos alunos e ex-alunos da mencionada universidade. De fato, Ouro Preto é bem interessante.

E no transcorrer das festividades noturnas de sábado, sozinho, ou melhor, na companhia de uma boa cerveja e um bom cigarro lícito – pois é, devido a localidade que encontrava-me, esclareço a modalidade do fumo –, deparei-me com uma mulher branca de média estatura, cabelos claros abaixo dos ombros, portando uma chamativa cor de unha, meia-calça preta, vestido com listras fechadas, botas escuras, além de um lindo semblante calmo e um inigualável sorriso cativante. De imediato, fui ao seu encontro consignar todo meu apreço por sua natureza estonteante.

Renovo todos meus cumprimentos noturnos, reafirmo os centésimos galanteios que proferi até o seu amor sucumbir. Entrave árduo é identificarmos os nossos dias mais felizes. Mas não hesito, arrisco-me ao ponto de sustentar que neste dia transbordei-me de alegria e desejo. Quanta recordação agradável eu guardo com carinho das suas sardinhas e pintas estrategicamente espalhadas por todo seu corpo. Que risada irônica e franca, mas sem depreciação. Quantos abraços incontáveis. Quantos beijinhos abarrotados de sutileza, ardência e carinho. Quanto diálogo, quanta cumplicidade, quanta paciência, quanto espontaneidade, quantas confissões e confidências, quanto respeito, quanta paixão, quanto amor! E assim, Ouro Preto reside em meu coração, enquanto a minha doce menina mistura-se a minha própria existência!

(Guilherme Peruchi – 27 de abril de 2010 às 02h39m)

6 Comentários:

Às 27 de abril de 2010 às 16:44 , Anonymous Eber Tristão disse...

Você está se tornando um grande escritor, suas viagens e os desejos que tem realizado, cada vez mais transcende sua inspiração e faz ecoar aquilo que tem mais de profundo dentro de ti.
Parabéns, deste amigo que te admira.

 
Às 27 de abril de 2010 às 20:05 , Anonymous Anonymous disse...

Caro amigo,

Posso afirmar que o seu crescimento, arraigado nos versos da bossa nova, desde a adolescência até a maturidade atual, que bem acompanhei, fez por desabrochar um ótimo escritor, de versos sinceros, porém, marotos, como bem gostamos de adjetivar!

Parabéns.... e viva Tom, Vinícius e outros tantos....

Um abraço, Rogério Amaral

 
Às 28 de abril de 2010 às 07:51 , Anonymous Geraldo Prado disse...

É isso! Parabéns... pelo texto e pela experiência lítero-amorosa!
Grande abraço,
Geraldo

 
Às 28 de abril de 2010 às 13:20 , Anonymous Anonymous disse...

Muito bom!!
Excepcionalmente elaborado, texto cativante e ótimo de ler!
Parabéns pelos seus textos!
ahhhhhh minas gerais...terra boa..as mulheres de lá realmente são diferentes!
Um abraço,
Leonardo Simas

 
Às 29 de abril de 2010 às 08:48 , Anonymous Anonymous disse...

Caro amigo “repentino”. Agradeço por me compartilhar suas dádivas culturais. Sabendo você,
que com meus acidentes aéreos e terrestres, fui obrigado a me distanciar da dramaturgia e da
escrita. Pois, sou hoje, um mísero agricultor.__ Sem dúvida, com o bom conhecimento das
palavras, navegas facilmente com a escrita. Moldou com veemência as características de Ouro
Preto com suas adversidades. Há, Talvez por ser do signo de escorpião, Fiquei esperando com
o desenrolar da crônica, um pouco mais do caso e do acaso amoroso. Abraços...

 
Às 22 de agosto de 2011 às 13:06 , Anonymous Anônimo disse...

Perfeito Guilherme.
Lendo eu consegui sentir o ventinho frio de Ouro Preto, ver as montanhas, o céu nublado...me identifiquei pois guardo saudades de lá e de quem lá deixei!!!
Ler essa obra foi tão gostoso quanto tomar café com leite...rs
Mara

 

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