terça-feira, 7 de setembro de 2010

Uma inusitada conversa sobre o amor

No silêncio desta madrugada, assim que comecei a pegar no sono escutei um barulho estranho de dentro do meu próprio quarto. Acendi as luzes e para minha surpresa os ruídos acabaram. Dessa forma, retornei a minha cama com a intenção de sonhar com aquela que partiu e ainda não voltou, principalmente na véspera de um ótimo feriado de 7 de setembro.

Quando meus olhos foram adormecendo, do nada voltei a me espantar com os desconhecidos sussurros. A confusão fonética era tanta que pensei que estivesse no meio da feira de sábado de manhã realizada na rua do mercado municipal veneciano, esquina com a avenida São Mateus, ouvindo Lagartixa embriagado acelerar a sua  moto(bi)cicleta. Era difícil entender aquelas mensagens que adentravam meu sistema auditivo de forma involuntária.

Concentrei-me profundamente, meditei cautelosamente objetivando meu estado alfa, pensei em não pensar em nada, esforcei-me no sentido de respirar com tranqüilidade, busquei uma confortável posição horizontal, refresquei ainda mais o meu ambiente de descanso, por derradeiro, então, tive sucesso e uma enorme felicidade quando escutei com toda nitidez uma inusitada conversa sobre o amor:

“ – travesseiro, eu (cobertor) não aguento mais de saudade daquela pequena menina que desapareceu e nunca mais aqui voltou. Aquele cheiro, aquele respirar, aquela maciez de pele, aquele suspiro noturno, aquele jeito de adormecer, aquela maneira única de acordar”.

“ – cobertor, você tem razão! Porém, por outro lado, eu sou privilegiado com as visitas ocasionais da divina dama. Consigo ouvir seus melhores sonhos. Decifro suas melhores canções espirituais. Conforto sua mente, parte humana extremamente importante”.

Neste momento, sorrateiramente ouço meu pijama exclamar com propriedade e conhecimento de causa:

“ – travesseiro e cobertor prestem atenção, por favor. Quem toca toda intimidade da reverenciada sou eu. Quem guarda seu legítimo cheiro sou eu. Quem fica moldado por suas curvas sou eu. Quem sente as suas trepidações nas melhores horas sou eu. Quem fica com as marcas das mais puras transpirações sou eu”.

E finaliza: “ – travesseiro, você conforta o amor, mas é dispensável. Cobertor, você aquece o amor, mas se fizer calor, será descartado. Contudo, sou eu que absorvo a paixão existente entre os ‘seus donos’ e dou passagem ao amor quando a teoria vira prática”!

(Guilherme Peruchi – 07 de setembro de 2010)

8 Comentários:

Às 7 de setembro de 2010 às 14:56 , Anonymous Gaaki disse...

Que coisa mais fofa, Gui! Amei o diálogo singelo e sincero entre os três elementos. É uma reverência única a algo único: pele.

Parabéns!

 
Às 8 de setembro de 2010 às 09:41 , Anonymous Anonymous disse...

LINDO DEMAIS!!!

 
Às 8 de setembro de 2010 às 16:53 , Anonymous marcos disse...

aeee camaraaa, cada vez mais impressionante...
ta de parabens mestre!!!!
justooo priimooooo!!!

 
Às 8 de setembro de 2010 às 16:53 , Anonymous Manuel disse...

Bela prosa poética com muita sinceridade, está muito profissional.


,belooooooooooo!!!!
e não é uma graça, se não prestasse diria de igual modo, está muito metafórico, e poético.


abraços, continue...

manuel feliciano

 
Às 10 de setembro de 2010 às 11:30 , Anonymous Ingridy disse...

É uma das coisas mais lindas que você já escreveu e que eu já li... Eu amei!!!

 
Às 11 de setembro de 2010 às 20:22 , Anonymous Anonymous disse...

Caralho mestre, que top, agressiva pra caralho!!! a melhor de todas, parabéns!!

 
Às 11 de setembro de 2010 às 20:22 , Anonymous Maiko disse...

simplesmte a relaçao entre a vida veneciana ouvindo os barulhos sonoros com a presença do Exº Largatixa, envolvendo assim a bela poesia criada por vc mestre! justo, MASSA!

 
Às 16 de dezembro de 2010 às 19:06 , Anonymous Anônimo disse...

Vc sempre surpreende...é belo!

 

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