Uma inusitada conversa sobre o amor
No silêncio desta madrugada, assim que comecei a pegar no sono escutei um barulho estranho de dentro do meu próprio quarto. Acendi as luzes e para minha surpresa os ruídos acabaram. Dessa forma, retornei a minha cama com a intenção de sonhar com aquela que partiu e ainda não voltou, principalmente na véspera de um ótimo feriado de 7 de setembro.
Quando meus olhos foram adormecendo, do nada voltei a me espantar com os desconhecidos sussurros. A confusão fonética era tanta que pensei que estivesse no meio da feira de sábado de manhã realizada na rua do mercado municipal veneciano, esquina com a avenida São Mateus, ouvindo Lagartixa embriagado acelerar a sua moto(bi)cicleta. Era difícil entender aquelas mensagens que adentravam meu sistema auditivo de forma involuntária.
Concentrei-me profundamente, meditei cautelosamente objetivando meu estado alfa, pensei em não pensar em nada, esforcei-me no sentido de respirar com tranqüilidade, busquei uma confortável posição horizontal, refresquei ainda mais o meu ambiente de descanso, por derradeiro, então, tive sucesso e uma enorme felicidade quando escutei com toda nitidez uma inusitada conversa sobre o amor:
“ – travesseiro, eu (cobertor) não aguento mais de saudade daquela pequena menina que desapareceu e nunca mais aqui voltou. Aquele cheiro, aquele respirar, aquela maciez de pele, aquele suspiro noturno, aquele jeito de adormecer, aquela maneira única de acordar”.
“ – cobertor, você tem razão! Porém, por outro lado, eu sou privilegiado com as visitas ocasionais da divina dama. Consigo ouvir seus melhores sonhos. Decifro suas melhores canções espirituais. Conforto sua mente, parte humana extremamente importante”.
Neste momento, sorrateiramente ouço meu pijama exclamar com propriedade e conhecimento de causa:
“ – travesseiro e cobertor prestem atenção, por favor. Quem toca toda intimidade da reverenciada sou eu. Quem guarda seu legítimo cheiro sou eu. Quem fica moldado por suas curvas sou eu. Quem sente as suas trepidações nas melhores horas sou eu. Quem fica com as marcas das mais puras transpirações sou eu”.
E finaliza: “ – travesseiro, você conforta o amor, mas é dispensável. Cobertor, você aquece o amor, mas se fizer calor, será descartado. Contudo, sou eu que absorvo a paixão existente entre os ‘seus donos’ e dou passagem ao amor quando a teoria vira prática”!
(Guilherme Peruchi – 07 de setembro de 2010)
8 Comentários:
Que coisa mais fofa, Gui! Amei o diálogo singelo e sincero entre os três elementos. É uma reverência única a algo único: pele.
Parabéns!
LINDO DEMAIS!!!
aeee camaraaa, cada vez mais impressionante...
ta de parabens mestre!!!!
justooo priimooooo!!!
Bela prosa poética com muita sinceridade, está muito profissional.
,belooooooooooo!!!!
e não é uma graça, se não prestasse diria de igual modo, está muito metafórico, e poético.
abraços, continue...
manuel feliciano
É uma das coisas mais lindas que você já escreveu e que eu já li... Eu amei!!!
Caralho mestre, que top, agressiva pra caralho!!! a melhor de todas, parabéns!!
simplesmte a relaçao entre a vida veneciana ouvindo os barulhos sonoros com a presença do Exº Largatixa, envolvendo assim a bela poesia criada por vc mestre! justo, MASSA!
Vc sempre surpreende...é belo!
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